de longe a cidade
chegava à memória
batendo com dedos
de sombras nos laços
que azuis rodeavam
o tempo sem mar
do nosso intervalo
por dentro de abraços.
de longe também
chegavam navios
do tempo do mar
ao tempo dos cedros,
navios, palavras
e rosas vermelhas
em ramos nos olhos
e odor nos segredos.
e o longe era ali
naquela ternura
de cedros falando
de mares e rios,
um cais no planalto
em cada manhã,
um mundo nos olhos
em cada navio.
Manuela de Abreu (1939)
Nasceu no Huambo. Os primeiros poemas foram publicados em 1972 na página “Panorama de Artes e Letras”, do Diário de Luanda.
Tem ainda colaboração em “Artes e Letras” d’A Província de Angola e “Convergência” de Ecos do Norte.